quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O gato ingrato




        Titi era um gatinho insatisfeito, ele não se sentia bem naquela família, naquela casa. Seus pais eram pobres, a casa, Titi achava pequena e feia. Ele achava que merecia uma família melhor, uma casa melhor.
Dona gata sentia um peso em seu coração, porque sabia que se Titi não mudasse, ele ia sofrer muito.

___ Titi meu filho, que arrogância é esta? Olha seus irmãos, são felizes com o que tem! Por que você é assim? O que você quer mais da vida? O que lhe falta Titi para você ser feliz? Perguntava dona gata, preocupada.

___ Tudo mamãe! Olha essa casa, no meio do mato! E a senhora e o papai são mesmo os meus pais? Eu acho que sou adotado, porque eu não me pareço com nenhum de vocês e os meus irmãos parecem uns idiotas, ficam felizes por tão pouco!

___ Titi, não fale assim dos seus irmãos! E você, queira ou não queira, você é o nosso filho querido!

___ Eu não aceito, olha prá mim mãe, não tenho nada de vocês, tenho porte, sou altivo, inteligente, não vou passar a minha vida inteira confinado neste barraco que vocês chamam de lar, a comida é sempre a mesma coisa, pão com leite ou para variar, leite com pão. Eu não estou suportando essa vida, amanhã mesmo vou embora desta casa, em busca de uma vida melhor!

No dia seguinte bem cedinho, mal o sol tinha nascido, Titi pega a estrada com a trouxinha nas costas.

Mamãe gata da janela de sua humilde casa acena para o filho ingrato, mesmo com o coração de mãe sangrando não impediu que ele fosse embora, era preciso deixar que o filho partisse para que ele descobrisse por ele mesmo que tudo tem uma razão na vida.

Mamãe gata na altura de sua experiência sabe que o filho vai voltar. Chorosa, tem o coração no peito, ferido. Olha para o céu e roga.

___ Meu Deus, protege o meu filho! Não permita que a vida o maltrate. Sei que só temos nessa vida apenas o que merecemos, portanto cada um mora na casa que merece, tem roupas e brinquedos que merecem e até a família que merece, pena que Titi não descobriu isso ainda!

Dona gata passou um longo tempo na janela, com a esperança de ver seu filho de volta.

Até que certo dia, lá no fundo da estrada dona Gata avista um pontinho.

Com o coração aos pulos, abre a portinhola da casa saindo para o quintal, reconhece ser o filho que vem se aproximando. Chega de mancinho abraçando a mãe com carinho, os dois tem lágrimas nos olhos.

___ Peço que me desculpe mãezinha, por fazer você sofrer! Posso ficar aqui com a senhora, o papai e os meus irmãos?

___ Por que, meu filho. Não encontrou família melhor que a sua? Não encontrou lá fora, amor, carinho que você sempre teve aqui?

___ Não mamãe, quase morri de saudades do papai e da senhora! Muitas pessoas encontrei, gente boas e ruins também, não pensei que fosse tão perigoso viver neste mundo, achei que vida boa era ter riqueza e luxo, porém mamãe, descobri nessas minhas andanças que o bom mesmo é ter proteção de pai e de mãe.

Perdão, mamãe querida, por eu ter sido tão ingrato.      

 


Dilma Lourenço Moreira






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